O secretário adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Educação), Arthur Falcette, confirmou nesta quarta-feira (23) que o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, conhecido como "Jorginho", alimentava a onça-pintada que o matou no último fim de semana em Aquidauana. A declaração foi feita durante coletiva no 1º Batalhão da Polícia Militar Ambiental.

"Uma das poucas certezas que temos é que ocorria ceva no local. Essa prática, além de ser crime ambiental, pode desequilibrar o comportamento do animal", afirmou Falcette. O ataque ocorreu entre 20 e 21 de abril, com o corpo da vítima sendo encontrado no dia 22, apresentando sinais de esquartejamento.

Um sistema de monitoramento foi instalado no local para estudar o comportamento do felino e viabilizar sua captura. "As câmeras e vídeos coletados serão periciados para entendermos as interações cotidianas entre humanos e animais na propriedade", explicou o secretário.

Após a captura, a onça - um macho de idade avançada com possível lesão física - foi levada ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) para exames. "Dependendo da avaliação, o animal poderá ser encaminhado a um programa federal de manutenção em cativeiro para casos de incidentes com humanos", detalhou Falcette.

O comandante da Polícia Ambiental, José Carlos Rodrigues, ressaltou que este é um caso isolado: "É um comportamento atípico, nunca registrado antes na região. O animal parece ter limitações físicas que alteraram seu padrão habitual de caça".

As autoridades alertaram que qualquer tentativa de caçar o animal será tratada como crime ambiental. "A Polícia Ambiental está atuando para evitar ações de vingança. Matar uma onça é crime gravíssimo", enfatizou Rodrigues.

Entenda a cevaA prática da ceva, comum em atividades turísticas irregulares, consiste em atrair animais silvestres com alimentos para observação ou fotografia. No Pantanal, é frequente o uso de carnes para atrair onças. Ambientalistas condenam a prática por alterar o comportamento natural dos animais e criar situações de risco.